Mudanças climáticas e a ecofisiologia do eucalipto

Há algumas décadas, a problemática das mudanças climáticas globais (MCG) tem despertado crescente interesse da comunidade científica e da sociedade civil, constituindo um dos temas mais preocupantes da atualidade. A intensificação da atividade antrópica tem resultado em aumento significativo da concentração de dióxido de carbono (CO2) atmosférico, a qual tem contribuído para as MCG. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo, conforme às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar em até 4,8 oC neste século. Nesse contexto, os cientistas do IPCC afirmam que as três últimas décadas foram as mais quentes em comparação com todas as anteriores desde 1850. Alterações no ciclo da água também foram observadas e as mudanças deverão continuar ocorrendo, mesmo se a concentração de gases de efeito estufa se estabilizar, devido à inércia térmica do sistema e o longo período necessário para retornar ao equilíbrio. Sendo assim, todas essas mudanças ambientais podem causar alterações no crescimento e desenvolvimento, na morfologia e nos processos fisiológicos e bioquímicos das plantas, afetando sua sobrevivência e produção vegetal. Deste modo, é imprescindível que estudos sejam realizados com o objetivo de quantificar os impactos das MCG sobre o desenvolvimento das plantas com o propósito de propor medidas de prevenção e remediação. Tal importância deve ser levada em consideração também para espécies importância econômica, como é o caso do eucalipto. Assim, o principal objetivo desta proposta é investigar o efeito do aumento da concentração de CO2 atmosférico e das condições microclimáticas, em especial à ocorrência de ondas de calor, combinadas ou não com níveis de disponibilidade de água no solo, no crescimento e na fisiologia de plantas de eucalipto. As plantas são conduzidas no interior de câmaras de topo aberto (OTC), instaladas no interior de casas de vegetação climatizadas que reproduzem os cenários RCP 4.5 e RCP 8.5 do IPCC. O consumo de água é monitorado em tempo real por meio de sistema lisimétrico. Com o estudo pretende-se verificar se as projeções de mudanças climáticas divulgadas pelo IPCC irão afetar o crescimento, o consumo hídrico, as trocas gasosas, a produção de espécies reativas de oxigênio, a atividade enzimática, a eficiência do fotossistema II, dentro outros, no estágio de crescimento inicial da espécie.

Financiamento: EDITAL FAPES/CNPq/PDCTR Nº 11/2019

Período de execução: 2020-2024