Resenhas científicas

REDESENHANDO O ZONEAMENTO DE ESPÉCIES FLORESTAIS DIANTE DOS CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A definição de áreas recomendadas para plantio comercial de uma espécie florestal passa, necessariamente, por um estudo prévio da aptidão climática da espécie, quase sempre baseada nas suas exigências térmicas e hídricas, utilizando-se para isso uma ferramenta conhecida como zoneamento climático. Diante dos cenários de mudanças climáticas estabelecidos pelo IPCC, a doutoranda Daiani Bernardo Pirovani estudou as flutuações espaciais das classes de aptidão para oito espécies florestais de interesse comercial no Espírito Santo. O trabalho compara o zoneamento climático atual, baseado em série histórica de 1982-2011, com o zoneamento para o ano de 2050.

Os resultados obtidos pela estudante evidenciam, entre outros eventos, significativa redução de áreas aptas para algumas espécies em função da elevação da deficiência hídrica anual, principalmente no norte do estado, devido a elevação da temperatura e a redução dos totais de chuva. Por outro lado, algumas regiões que atualmente são consideradas inaptas por carência térmica passam, com a elevação de temperatura, a serem aptas. Utilizando uma matriz de comparação pareada, foi possível não só detectar a redução ou aumento das áreas aptas, mas também as respectivas flutuações espaciais.

Considerando a longa duração dos ciclos de cultivos florestais, as informações geradas no estudo poderão ser úteis para o planejamento florestal no estado. Logicamente, este estudo é uma primeira aproximação buscando compreender o impacto das mudanças climáticas no zoneamento florestal e a sua melhoria demanda experimentos que detalhem as relações das espécies no sistema solo-atmosfera, considerando de maneira integrada as alterações de temperatura, déficit de pressão de vapor, disponibilidade de água no solo e concentração de dióxido de carbono na atmosfera.

Maiores detalhes da pesquisa podem ser encontrados na tese de doutorado de Daiani Bernardo Pirovani em nosso site e no artigo: Ecological Indicators.